terça-feira, 17 de maio de 2011

DESENVOLVIMENTO REGIONAL: CULTURA, ECONOMIA E GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA

A cada dia, em relação ao futuro, crescente é meu convencimento que (quase) tudo é uma questão cultural e de perspectiva, de ponto de partida e de chegada. O que somos? Quais os elementos de nossa formação? Qual o nosso alicerce? Ou seja, o ponto de partida. Para onde queremos seguir? Quais as nossas possibilidades? Ou seja, quais as próximas estações. Acredito que minhas convicções sobre cultura e perspectiva aplicam-se a pessoas, comunidades, cidades e até mesmo metrópoles, entretanto, nesse artigo, não tratarei do individual, porém do coletivo, e, por uma questão puramente afetiva, especificamente, do papel de Sobral na Zona Norte.
Qual nosso futuro regional comum?
Essa indagação - quase inquietação - habita a cabeça dos pensam a cidade para além das preocupações cotidianas e de suas fronteiras geográficas, dos que observam o município através do prisma da cidadania, dos que ousam formular a cerca de Sobral e região.
Em seu belo livro Classe Mundial, a pensadora Rosabeth Moss Kanter (da Harvard University), em virtude da planetarização, defende a idéia de que as cidades, independente do seu porte, devem estar conectas em rede, devem evitar desconexão regional, sob pena de fragilizassem e não terem futuro no mundo global.
Para ficar só nas mais próximas, entendo que o futuro de Sobral está direta imbricado com o de Cariré, Groaíras, Forquilha, Santana do Acaraú, Massapê, Meruoca, Alcântaras e etc.. Considerando o fato de que as regiões que mais se desenvolvem em todo o mundo têm a cooperação e co-criação como diferenciais comparativos e competitivos, sem a preocupação de comandar, a Princesa do Norte, na condição de cidade-pólo, pode e deve liderar um processo de desenvolvimento sustentável regional, pois frente à globalização a saída é a regionalização.
Mas quais seriam os vetores de desenvolvimento de Sobral e região? No meu entendimento, cultura, economia e governança democrática.
Identificar, mapear e desenvolver nossa endogenia cultural, nossas crenças, valores e saberes, e, a partir deles criar um conceito peculiar, próprio, sem similar, gerando pertencimento e diferencial, atraindo os olhares dos que estão cansados do lugar comum, dos que fogem da pasteurização excessiva e crescente. O fortalecimento cultural (não me refiro arte), dentro de uma perspectiva humana, econômica e ambiental, pode ser o esteio do processo de desenvolvimento integrado regional.
Na área econômica, a partir de nossas culturas, potencialidades e cadeias produtivas prioritárias, podemos desenvolver produtos-conceito, produzir e distribuir-los, nos tornarmos efetivamente de classe mundial.
O grande desafio é criar uma ambiência propícia a governança democrática, que estimule a participação cidadã, criando um movimento sinérgico entre as forças vivas da cidade-região, rompendo a inércia, a fim de criar um novo modelo de desenvolvimento. Esse desafio não é, apenas, do governo, mas uma tarefa para conjunto da sociedade. A participação cidadã é imprescindível em qualquer processo de construção coletiva, sobretudo os que almejam a consertação social. Ao poder público local cabe a tarefa de estimular, induzir e contagiar, pessoas e instituições para a ação cívica propulsora do desenvolvimento. Liderar esse processo exige visão estratégica, e, sobretudo, capacidade articulação e pactuação, diga-se de passagem, características presentes no perfil do atual gestor sobralense.
Espero que um dia possamos dizer: sou do Vale do Acaraú.
Herbert Lobo – Administrador, com pós-graduação em administração pública municipal