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Presidente do STF, Joaquim Barbosa, tem a extraordinária capacidade de chocar a
patuléia simplesmente por dizer as coisas - até mesmo as mais
óbvias -, de forma direta. Com ele, nada daquele rodeio, daquela coisa cheia de
dedos, de rasga-seda ou baba-ovo. É pão-pão, queijo-queijo. Todo mundo que se
interessa pelas coisas da política, em particular os próprios políticos, sabem
que uma grande reforma é fundamental para acabar com as sérias distorções que,
entre outras coisas, fazem hoje do Congresso, em ocasiões frequentes, uma
quase-marionete nas mãos do Poder Executivo. Essa intervenção não é tema de
debate, é uma constatação e pode ser medida estatisticamente. As regras
partidárias e eleitorais são antigas, antiquíssimas, carregando em si
muita herança do século XIX. O próprio presidente do Senado, Renan Calheiros,
irrita-se com o excesso de Medidas Provisórias (que, em princípio, deveriam ser
baixadas apenas para resolver casos de extrema relevância). Afinal, ninguém
gosta de ver a instituição de que faz parte – em particular quando essa
instituição é um dos poderes da República – ter de se curvar desmesuradamente,
com inaceitável frequencia. Senado e Câmara têm diversos projetos, individuais
e coletivos, de reforma política. Mas nada avança, pois nenhum parlamentar quer
mudar as regras que eles dominam e pelas quais eles se elegeram. Leia o artigo
do jornalista Pedro Luiz Rodrigues.