domingo, 3 de agosto de 2014

POR RENO XIMENES: LIDERANÇA DE CID GOMES EM XEQUE

A mentira e a incoerência na política são devastadoras para um líder. Os jogadores podem até perdoar em barganhas, mas a platéia é implacável. A proclamação e arroubos de éticas na política é suicídio, a política não é religião, e por não ser religião, não há ética única e nem analgesia social. Estou vendo a liderança do Cid Gomes em xeque, um gênio inquieto, disciplinado e intelectual desde a infância, medalhista em todas as matérias no Colégio, aprovado em diversos e mais concorridos vestibulares na UFC.
Com o retorno do Ciro ao Ceará, a gestão política do grupo passou a sofrer descontrole, incoerência e instabilidade. O ritmo passou a adquirir contornos de arrogância, destempero e ausência de respeito à liderança do Governador. De tanto prejuízo, acredito que chegou a hora do Ciro e o Ivo tirarem umas férias durante a campanha eleitoral, em homenagem a independência do seu irmão.
Nesse diapasão, talvez assistirei ao filme rebobinado em várias eleições em Sobral. O Dr. José Euclides Ferreira Gomes, pai deles, reconhecido, indubitavelmente, como o melhor Prefeito da história de Sobral, não conseguiu a transferência de sua legitimidade ao seu candidato a sua sucessão, o qual mesmo honrado, ficou em último lugar na eleição. Tudo por consequência de algumas falas inconvenientes, manipuladas pelos marqueteiros adversários e transformadas em munição, contra esse e outros sucessivos candidatos. Em outras eleições os episódios se repetiram, inclusive, até quando o Ciro foi Governador, não conseguindo eleger o seu candidato e primo a Prefeito de Sobral.
Uma pena para uma gestão brilhante, que pode ir à bancarrota política por imprudência e prepotência, através de blefes, desencontros de números e retóricas rebuscadas, exaradas pelo mimo ou pela síndrome de pai.
O Ciro precisa se encontrar e perseguir o retorno ao seu espaço nacional, em face de sua histórica e inexorável genialidade, talento e coragem, sob pena de transformar as suas frustrações em ódios e ser soterrado em areias movediças, ambiente fatal, onde o movimento irracional e o desespero, colaborará em favor de sua submersão definitiva.
Minhas palavras não têm metas nem objetivos pejorativos, orientados ou bancados, por nenhum grupo político na disputa. Minha vida política foi dos 16 aos 27 anos de filiado ao PT, com inarredável oposição ao grupo que pertencia ao Cid Gomes, mantendo a amizade, mas desde criança nunca votei nele por várias vezes. A aproximação foi profissional quando fui contratado para advogar em um processo de cassação de um Prefeito eleito de Sobral, vitorioso contra a candidatura de seu primo, Pimentel Gomes. O primeiro voto veio com a primeira coligação da história do PT aos Ferreira Gomes, mediada por mim, Edilson Aragão e Veveu, resultando no apoio à primeira candidatura do Cid em Sobral, apesar de termos uma convivência há anos, quase diária.
Sei que a política é paranóica, e, qualquer opinião sempre é vista como uma retórica carregada de sorrateiras maldades. Minhas palavras não são, apenas motivadas pelo respeito a um projeto que exagerou pela ganância e absolutismo.
Tal totalitarismo tem o seu alicerce numa quantidade incontável de bajuladores, tolos, bobos e despolitizados, subjugados ao medo e à incapacidade de criticar, discordar ou alertar os seus “líderes” dos seus exageros, megalomanias e narcisismos.
Preferem viver como batedores de vaquejadas, dividindo sobras ou retalhos, conformando-se com a alienação de cargos estéreis de qualquer poder significativo, como eternos garçons do pódio e do triunfo, exclusivos, à família e aos seus recorrentes parentes, nomeados em cargos vitalícios ou eleitos com prioridades em mandatos proporcionais ou majoritários.
A democracia não considera suficiente uma gestão primorosa, edificante e realizadora, se o poder não for efetivamente distribuído e partilhado, numa sincronizada e coerente lealdade, gratidão e reciprocidade.
Com o veto familiar aos nomes dos incontestáveis líderes municipalistas, Domingos Filho e Zezinho Albuquerque, como candidatos do grupo à sucessão, os Prefeitos, Vereadores e lideranças, ficaram no orfanato político, em todos os municípios do litoral, serras e sertão do Ceará.
Formar uma chapa científica e tecnológica é um sonho coletivo, talvez para uma Reitoria de uma Universidade. O mundo político é um mercado de prestígios, favores, soluções e reconhecimentos, não uma academia que objetive formar novos valores, através de axiologias sociológicas pautadas nas aristocracias intelectuais, sob o pretexto de um pretenso e conveniente conhecimento útil ao poder.
O tradicional embuste de utilizar o maniqueísmo como sofisma, para indicar que o mal sempre pertence aos insurgentes e desgarrados dos seus ditames; e o bem a todos que os submetam – mesmo os maiores dejetos do nocivo museu político – é subestimar a inteligência de um povo.
Nesse ziguezague mirabolante o convencimento é sempre feito com o chapéu alheio: o poder público.
Aguardaremos os fatos políticos, e, a iminente rebeldia sadia, advinda do latente silêncio coletivo dos cearenses.
Quando o medo é o único argumento de imposição e eixo de estabilidade de um poder, verifica-se, inequivocamente, que a escória silente, já está cavando o seu túnel de fuga, como também os libertários já pulsam nas ruas a verve de mudanças, palavra de ordem atual em todos os cantos do Brasil.
O silêncio é o único som conveniente para um bom jogador político.