segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

DOM JOSÉ NA HISTÓRIA DE SOBRAL

Há cerca de 100 anos, Dom José Tupinambá da Frota era elevado à posição de Bispo de Sobral, aliás o primeiro bispo do incipiente principado. À época, Sobral vivia o apogeu tanto a nível eclesiástico, político e econômico (um tio de Dom José-Dom Jerônimo Thomé da Silva- era Arcebispo Primaz do Brasil, Sobral contava com nomes de destaque estadual e nacional; engenheiro João Thomé de Saboia e Silva/Chico Monte…). Um apogeu levado no trem da história como locomotiva da estrada de ferro de Sobral (Camocim-Sobral/Sobral-Ipú) e do Porto de Camocim.
Rio de Janeiro, 1877. Vossa Majestade Imperial Dom Pedro II manda construir no Ceará a estrada de ferro de Sobral a pedido do Senador da Província, o sobralense Ernesto Viriato de Medeiros, como forma de, ao empregar parte dos flagelados da severa seca que se abatera nesse ano, amenizaria seus efeitos junto à população dessa parte do estado, diga-se Zona Norte. Concessão essa que caira no colo da poderosa Família Saboya,tendo como arrendatários por mais de uma década a partir de 1882; Engenheiro João Thomé de Saboia e Silva e Dr. Vicente Saboya de Albuquerque, com a Firma Saboya Albuquerque & Cia Ltda. O Porto de Camocim era praticamente um porto privado de Sobral (o Porto do Mucuripe com a estrutura que conhecemos hoje só viria a ser inaugurado em 1951), e junto a Estrada de Ferro de Sobral pôde dar um status estadual privilegiado à elite sobralense, que, além de ter parte de seus herdeiros estudando na Europa, vê suas casas e casarões mobiliados com móveis trazidos do ‘velho mundo’. Costumavam se “banquetiar” com vinho do Porto, camarão americano, cavala francesa…Dom José Tupinambá da Frota, já com o título de Bispo-Conde, queria transformar Sobral na Roma do semi árido nordestino.
(Texto do escritor, Santana Júnior / Foto reprodução, Jornal Correio da Semana)