quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA FAZ BALANÇO DA LEGISLATURA FALA DA VITÓRIA DE CAMILO

Diário - Presidente, com a experiência de vários mandatos que o senhor tem, qual a expectativa para a composição da Assembleia a partir do próximo ano?
Zezinho - Nós já estamos há tanto tempo na Casa, e a cada deputado que chega a renovação acontece e a Assembleia continua. Acho que vai ser a mesma coisa dessa Legislatura passada. É claro que vai chegar uma turma muito nova de 24 deputados, mas a Legislatura que passou foi muito boa.
Diário - E em relação às outras? Que avaliação você faria daquela que encontrou no primeiro mandato para esta que está saindo agora?
Zezinho - A Assembleia está mais aparelhada fisicamente, com técnicos e funcionários. Temos canal de TV, emissora de rádio, Universidade, Casa do Cidadão, Procon, Inesp, Centro de Altos Estudos. A Assembleia está cada vez mais fazendo parceria com o Ceará.
Diário - Os deputados que deixam esta Legislatura mostraram certa fadiga. Plenário vazio, as comissões não estão atuando como se esperava. Faltou estímulo para o deputado ser mais atuante?
Zezinho - O que eu vejo é que o governo de Cid Gomes começou a trabalhar muito, fez muito, transformou o Estado do Ceará em diversas áreas: na Educação, Saúde e Infraestrutura. Isso fez com que a oposição diminuísse. Durante oito anos, praticamente, a oposição não existia na Assembleia. A própria oposição elogiava. Por conta da maneira do Cid governar mudou muito o Estado do Ceará. São grandes investimentos de todos os tamanhos no Estado. Temos o Cinturão das Águas, o Centro de Eventos. Tivemos o problema do Aquário, mas está sendo construído. Ele fez mais de 110 escolas profissionalizantes. Foi um Governo realizador em todos os pontos e isso fez com que a oposição ficasse sem argumentos para fazer oposição. E aí surgiram alguns fatos, três ou quatro, que realmente a oposição explorou como a segurança, que é um grande desafio, mas estamos tentando resolver.
Diário - As comissões da Assembleia, hoje, são muito bem aparelhadas fisicamente, mas elas não motivam a participação. Por quê?
Zezinho - Nós temos muitos debates nas comissões técnicas. Temos audiências públicas,. E todos os setores da sociedade estão procurando a Assembleia. Para a isonomia do Tribunal de Justiça foram mais de vinte anos; os cargos e carreira da Assembleia foram mais de 20 anos; a Defensoria Pública procurava independência, e tudo aconteceu. Tivemos quantas mensagens de pedido de empréstimo? E tudo isso passou pelas comissões. Centenas de projetos de Lei. Agora, se você disser que os deputados precisam se aprofundar nas matérias que vão para o plenário, aí é outra coisa. Têm deputados que gostam de tratar só do assunto da educação, e outros do combate à seca, do Interior do Estado.
Diário - O senhor falou na oposição ao Governo Cid Gomes , dizendo que o Governo foi realizador e por isso a oposição não tinha espaço para falar. Será verdade isso ou existe também um certo desinteresse de membros da situação em discutir?
Zezinho - Não. Porque antes nós tínhamos grandes reclamações dos deputados de que nem requerimentos eram respondidos. E nós levamos os secretários para a Casa. Como a grande maioria tem acesso permanente às mensagens do Governo, eles tomavam conhecimento antes que as matérias chegassem na Casa.
Diário - Ainda sobre as comissões, o Diário do Nordeste mostrou que muitas matérias ficaram somente para a próxima Legislatura. Como fica essa questão da aprovação das matérias? Depende apenas do deputado?
Zezinho - Não. Às vezes eu entro com um projeto, e tenho a preferência. Depois eu entro com projeto similar ao que o deputado entrou. Depois vamos somar os dois projetos em um só para votar. E fica aquela discussão de anular um ou outro. Mas foram votados centenas de projetos na Casa
Diário - Então não é por falta de trabalho nas comissões?
Zezinho - Não, as comissões se reúnem, principalmente, quando são assuntos mais polêmicos. Quando tem assunto polêmico a Assembleia participa cada vez mais.
Diário - Os deputados têm recursos especificados para montarem suas assessorias. Além disso, a Assembleia tem um corpo técnico que oferece subsídios para esses deputados. Eles utilizam corretamente essas assessorias?
Zezinho - Nós temos deputados que têm assessorias competentes. E tem um ou outro deputados que não utiliza a assessoria da Assembleia Legislativa, que está preparada. Mas têm as assessorias de gabinete e lá quem manda é o deputado. Ele é quem deve achar qual é a melhor assessoria.
Diário - Ao longo desses dois últimos anos o senhor lançou movimentos de mobilização estadual. E o primeiro deles foi o da defesa da construção da Refinaria no Ceará. Mobilizou todo o Estado, e a Refinaria não veio. Qual foi o resultado dessa mobilização?
Zezinho - Nós andamos muito pelo Ceará, e as pessoas não sabiam o que era uma Refinaria e nem o que ela representa economicamente para o Ceará. Quando mostramos o que ela representava para o Estado do Ceará, e fizemos um projeto para que as pequenas empresas tomassem conhecimento, as pessoas começaram a telefonar, a querer participação, que esse projeto fosse até seu Município. Eu acredito que a Refinaria ainda vem, e na política é assim, quando se mobiliza as pessoas, as coisas acontecem. Nós temos a Siderúrgica que é um fato. Já tem 12 mil funcionários, e ninguém acreditava na Siderúrgica. A Refinaria vai vir sim, e o que queremos é apressar para que venha o mais rápido possível.
Diário - Essa mobilização resultou em algum documento para a Petrobras e o Governo Federal?
Zezinho - Nós temos um grupo que se reúne mensalmente com a Petrobras, pessoas do Governo do Estado, da Secretaria de Infraestrutura, e às vezes até com o governador Cid Gomes para tratar desse assunto.
Diário - Outra mobilização feita foi em relação à questão das drogas. Qual foi o resultado dessa ação?
Zezinho - Nós trouxemos o comentarista esportivo Walter Casagrande quando tinha cerca de 2 mil pessoas lá no Crato, não cabia mais gente. As pessoas queriam ouvir a palestra do Casagrande, e nós andamos no Interior. Nós temos grandes problemas, e o Poder Público tem que enfrentar de frente a questão das drogas.
Diário - Esses dois eventos, a mobilização pela Refinaria e o trabalho contra o uso das drogas foram trabalhos que aproximaram a Assembleia da sociedade. Mas a Assembleia ainda é de certa forma distante da sociedade. Há algum outro projeto de mobilização para os próximos dois anos?
Zezinho - A Assembleia fez o Pacto pelo Pecém, o Pacto Pelas Águas, e agora estamos com esse problema de chuvas, estamos há três anos sem chuvas normais, e precisamos nos preocupar agora com o problema da seca. Precisamos levar a Assembleia para discutir mais perto da população esse problema de seca, se não vier um bom inverno. E continuar esses dois grandes projetos: a "Refinaria Já!" e o "Ceará sem Drogas". Temos que continuar esses três projetos, porque quando mobilizamos, as pessoas vêm com ideias. Nós abrimos espaço para a Assembleia conversar com as pessoas, e a Assembleia mudou muito. Ela está hoje muito mais perto das pessoas do Interior do Estado. A Assembleia está indo discutir os problemas do Interior do Estado, e isso vai acontecer agora em 2015.
Diário - Hoje, três meses depois da indicação do candidato que iria suceder Cid Gomes, no qual o senhor também concorria, qual a avaliação que você faz daquele momento no Estado?
Zezinho - Nós tínhamos um trabalho com os deputados estaduais, e alguns amigos acharam que eu poderia ser o candidato, como alguns outros amigos que tiveram o privilegio de terem sua candidatura ser conhecida por seus grupos. Mas quando se trabalha com um grupo temos que escolher o que é melhor para o grupo. E aconteceu que o melhor nome naquele momento foi o do Camilo. Graças a Deus ganhamos a eleição, e esperamos que ele dê continuidade ao trabalho do governador Cid Gomes, lançando novos projetos e novas ideias. O Ceará cresceu acima do Brasil nesses últimos anos. Nós não tínhamos uma escola profissionalizante e já temos 110 e o governador Cid Gomes já deixa dinheiro em caixa para mais 25. Nós temos hoje três hospitais gerais no Interior do Estado. Já lançou o da Região do Jaguaribe, inclusive, foi uma solicitação nossa. Eu disse ao governador que as pessoas estavam cobrando um hospital para a região do Jaguaribe. Quando (o governador) estava inaugurando uma policlínica lá ele falou que iria fazer um estudo para inauguração do hospital de Jaguaribe. Eu me senti muito realizado.
Diário - Depois da escolha do nome do Camilo, o senhor disse que era político do Legislativo. Isso é um pensamento que fica para sempre ou mudará?
Zezinho - Eu me sinto bem no Legislativo. Eu poderia prestar serviço maior no Executivo, mas eu sou homem do Legislativo. Foi conversado para eu ficar como vice-governador, e achei melhor permanecer na Assembleia.
Diário - Além da vaga de vice, também teria sido ofertado ao senhor vaga de senador e o senhor não aceitou.
Zezinho - Em conversa com vários amigos, eles chegaram, de repente, dizendo que eu era o melhor cotado para vice e a senatoria. Mas eu disse que queria ficar no Legislativo. E foi assim que aconteceu.
Diário - Qual o futuro do grupo político do qual o senhor pertence? E levando em consideração que o governador do Estado será a partir do dia 1º de janeiro um integrante do Partido dos Trabalhadores (PT), que embora tenha sido aliado de Cid Gomes desde 2006, tem várias tendências, e uma delas faz oposição declarada ao governador Cid Gomes?
Zezinho - As pessoas que votaram no Camilo votaram no projeto do PROS, que é um partido que tem como lideres Cid e Ciro Gomes. As pessoas votaram no candidato do Cid Gomes, porque o Camilo era como o deputado Zezinho Albuquerque, desconhecido pela maioria da população do Estado do Ceará. As pessoas votaram em candidato do PT, mas também no candidato do governador Cid Gomes, onde as pesquisas demonstravam que em algumas cidades o seu Governo tinha 80% de aceitação. O Camilo já tinha sido secretario do Desenvolvimento Agrário e de Cidades, e o governador sabe que ele pode fazer um grande trabalho. Nosso partido vai continuar no comando do Cid e Ciro porque são dois homens públicos do Brasil. O Cid foi convidado para ser ministro da Educação, e o Ciro já foi ministro, candidato a presidente da República, secretário do Saúde, prefeito e governador. Esse grupo, que é o maior do Estado do Ceará, elegeu governador de outro partido, Isso é importante, porque nós não estamos tratando de questão partidária, mas sim daquele que pode melhor governar o Estado do Ceará para os próximos quatro anos. E graças a Deus a população entendeu que era o candidato do governador Cid Gomes e da maioria da Assembleia, que era maioria dos prefeitos, e está aí. Tenho certeza que ele vai dar continuidade ao que o Cid fez com novas ideias.
Diário - Qual o reflexo dessa eleição de 2014 para 2016, quando o atual prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, provavelmente tentará reeleição, tendo no Estado um governador do PT, partido no qual existe uma ala que também pode lançar a candidatura própria ?
Zezinho - Roberto Cláudio foi eleito sendo apoiado por quase nenhuma parte do PT. Tinham várias pessoas, que hoje estão no Governo que faziam oposição ao Roberto Cláudio. O prefeito vai fazer dois anos de Governo, e sabemos como ele pegou o Governo, sem querer falar mal de qualquer administração. Eu tenho conhecimento do que não foi feito, e do que ele está fazendo. São mais de 70 postos de saúde funcionando com tudo, são viadutos, a limpeza da cidade melhorou. Ele está reorganizando a Prefeitura de Fortaleza. Com esses dois anos que tem, eu tenho certeza que população vai querer o Roberto Cláudio na Prefeitura por mais quatro anos.
Edison Silva/Miguel Martins
Editor /Repórter - Diário do Nordeste