A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), defendeu mudanças na prerrogativa de foro privilegiado, adotado
hoje no país. Segundo ela, a medida não é compatível com a República.
“Reconheço, e aprendi com alguns ex-presidentes, que quando se está
no cargo, não necessariamente vai haver impugnação. Depois que se sai,
ou mesmo estando no cargo, pode ser que alguém questione alguma coisa. E
isso vai para um juiz que, também encantado com o fato de poder afastar
o presidente da República, imagino se poderia ser o juiz responsável e
competente para isso. Acho que nós temos que pensar em outra forma, que
seguramente não é a prerrogativa de foro, na minha opinião. Privilégios
são incompatíveis com a República”, disse ela.
Cármen Lúcia, que falou no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, nesta
segunda-feira à noite, defendeu também penas mais duras a juízes e
comentou sobre a punição dada à magistrada Clarice Maria de Andrade,
afastada por dois anos, com direito a salário, após manter por 26 dias
uma adolescente de 15 anos presa em uma cela masculina com 30 homens, no
Pará, em 2007.