Havia um vazio em Brasília e ele foi ocupado pela ministra Cármen
Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal. Pudera, está no Planalto o
vice de uma governante deposta, cujo futuro depende de um julgamento do
TSE. Do outro lado da praça, há um Senado presidido por Renan Calheiros
e uma Câmara até há bem pouco tempo comandada por Eduardo Cunha.
Na teoria, a posição da ministra deriva de um rodízio gregoriano. Na
prática, a mineira miúda e frugal sentou-se na cadeira com disposição
para iniciativas audaciosas, cenografias batidas (depois do massacre do
Compaj foi a Manaus e criou um grupo de trabalho), retórica bíblica
(“Quem tem fome de justiça tem pressa”) e atitudes angelicais (no Dia da
Criança recebeu um grupo de meninos e meninas carentes).
Em apenas cinco meses, Cármen Lúcia deu nova dimensão à presidência
do tribunal. Ora com frases retumbantes: “Onde um juiz for destratado,
eu também sou”. Ora com raciocínios cortantes: a questão não é se
devemos bloquear celulares nos presídios, eles não podem é entrar.